Capítulo 1

A Convocação

 

- Outra vez não! – berrou Chelsea, enquanto agarrava numa maçã com uma mão e na mala preta de pôr ao ombro com a outra. Estava atrasada. De novo.

- Chelsea, não comes? – ralhou a sua mãe, que espreitou da cozinha assim que ouviu a algazarra.

- Não posso, estou atrasada! – respondeu a rapariga, já pronta para bater com a porta, ao fechá-la.

Correu pelas ruas o mais rápido que conseguiu. Chelsea nunca fora uma amante da madrugada e levantar-se cedo para ir às aulas era quase uma tortura. Parou e inclinou-se, pousando as mãos nos joelhos, e respirou fundo. Estava cansada. Tomou fôlego e continuou a corrida. Descuidada, acabou por pisar uma poça de água, queixando-se logo em seguida, mas sem nunca parar de correr. Os seus belos caracóis ruivos iam aos saltos para a frente dos seus olhos, mas não se importava. Ia ter teste de inglês e tinha de se despachar.

Ao fazer uma curva, sem querer, pontapeou um objeto pesado, queixando-se logo de seguida.

- Que raios…? – Pensou, em voz alta, ao ver aquele livro volumoso. Era em tons de encarnado e parecia já algo gasto, mas não foi isso que mais lhe despertou a atenção. Mesmo no centro tinha uma fechadura prateada que ocupava quase metade da capa. Ao agarrá-lo, pôde ver inscrito: “A magia reside aqui”. Intrigada, olhou em volta à procura de uma chave, sem sucesso. Mal sabia que era o início de toda uma aventura.

Ao longe ouviu a campainha do liceu a soar e voltou à Terra, ficando em pânico.

- Estou tão atrasada! – Chorou-se, enquanto tentava de forma descoordenada colocar o livro dentro da mala e andar depressa ao mesmo tempo.

Quando entrou na sala, após pedir licença à professora, Sra. Curtis, já todos estavam sentados a fazer o teste. Ocupou o seu lugar e engoliu em seco, não estava minimamente preparada para aquele teste… como sempre.

Foram dos 90 minutos mais longos da sua vida e, assim que o entregou, soube que a esperava mais uma negativa. Ela esforçava-se, mas por vezes desanimava. Seria a vida só isto? Casa, escola, escola, casa? Tinha de haver mais qualquer coisa.

Sentou-se com Helen numa das mesas do bar e ambas suspiraram.

- Fizeste alguma coisa? – Questionou-lhe, tirando um caracol ruivo dos olhos.

- Três perguntas. Ainda antes de tu chegares, vê lá – respondeu-lhe a melhor amiga desgostosa – Acho que neste não me safo.

- Nem tu, nem eu.

O dia passou-se rápido e, assim que chegou a casa, Chelsea tirou aquele livro misterioso de dentro da mala e pousou em cima da cama, analisando-o. Tentou abri-lo mas, como já esperava, foi em vão. Foi até à casa de banho e trouxe consigo a chave da porta, que era demasiado pequena. “Nunca vou conseguir”, pensou. Então, como por instinto, decidiu espreitar pela fechadura e abriu a boca de espanto. “Como assim?”. Dentro daquele livro via todo um mundo. Campos verdejantes e uma cascata, ao longe. As nuvens a mexer e os pássaros a voar. Estava prestes a pensar que tinha ficado louca de vez quando ouviu a porta da rua bater, dando um pulo de susto. Recompôs-se e saiu do quarto, ainda a deitar olhares desconfiados ao livro, e inclinou-se nas escadas.

- Mãe? – Perguntou. A figura de Margaret rapidamente apareceu ao fundo da escadaria, sorrindo-lhe.

- Sim, Chelsea, sou eu. O teste, correu bem? – A cara da ruiva denunciou-a – Já percebi tudo. Oh filha, tens mesmo de te aplicar mais. Sabes que não sou muito chata com estas coisas, mas o facto de também chegares atrasada não ajuda. Promete-me que te vais esforçar mais.

- Prometo.

Mas a sua mente estava em todo o lado menos na escola. Estava presa ao mundo que aquele livro escondia.

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Agora deixo-vos um novo desafio... que é continuar esta história!

Na próxima semana sai uma nova versão, criada com meninos de outra escola!

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